segunda-feira, 22 de março de 2010

abandono de profissão? erro na escolha da carreira?

Estudei em uma turma muito boa de graduação, turma II de educação física, período integral, 2002 a 2006, muitas lembranças boas. Durante o curso éramos todos esperançosos quanto a profissão, nas mais variadas vertentes que a ed. física oferecia, muitos queriam trabalhar como personal trainer, professores, técnicos etc... porém após quatro anos do final do curso, com grande pesar, fiquei sabendo que muitos dos colegas não atuam como professores de ed. física, alguns dos quais eu achava extremamente competentes para a profissão.
Estes colegas seguiram as mais variadas carreiras ou voltaram a estudar, buscar novas áreas de conhecimento. Este fato além de me entristecer, me levou a pensar sobre o que leva uma pessoa a abandonar uma profissão.
Acho que não há a maturidade necessária para escolher uma profissão aos 17,18,19 anos, idade em que a maioria do pessoal entra na faculdade, universidade, uma escolha tão importante acontecendo em uma época muito turbulenta para a maioria dos jovens, a falta de preparo e desinformação acrescido da inconsequência dos atos e escolhas levam os jovens a frustração e ao abandono de alguns cursos (isto quando há a possibilidade de escolha, muitos jovens não as tem). Muitas vezes a troca de cursos evita um problema ainda maior que é a frustração com profissão depois de se estar inserido no mercado de trabalho, depois de se ter assumido responsabilidades com empregadores, alunos, clientes e principalmente com o sustento da família.
Mesmo com todos os problemas que o desemprego ou o emprego informal geram, muitos profissionais de educação física abandonam a profissão buscando melhores condições de trabalho e renda.
Os motivos para que alguém mude de profissão podem ser os mais variados, acredito que entre os principais estão a falta de valorização da profissão, seja ela salarial e social (onde o profissional de educação física não tem o seu papel social valorizado), as condições de trabalho, onde se tem que trabalhar muitas horas para se ter um salário razoável ou no qual a infra-estrutura é muito precária, onde professor tem que ser mais 'mágico' do que professor, adaptando todo e qualquer material para conseguir ministrar uma aula.
Outras vezes o que leva ao abandono da profissão é o choque com a realidade, onde se descobre que nada funciona como deveria para a educação física, onde a necessidade mercadológica suplanta o raciocínio científico, quando percebesse que práticas amplamente discutidas e repudiadas ainda são praticadas em escolas e academias, como por exemplo, aulas onde os alunos simplesmente jogam futebol enquanto o professor assiste passivamente o acontece. Acredito que para muitos profissionais a decepção relativa a profissão é tão grande que aquela 'chama' que o impulsionava a buscar mudanças e para lutar pela educação física séria e comprometida simplesmente se apaga diante de tantos e graves problemas, desistem perante uma luta que acham perdida desde o começo.
Dos profissionais que continuam atuando na profissão, ao meu ver, existem dois tipos: os comprometidos, lutadores e idealistas que tentam de todas as formas melhorar as condições de trabalho e renda, estes que muitas vezes são mal interpretados e pré-julgados, sendo rotulados de sonhadores, utópicos e revoltados.
E há o segundo tipo, o acomodado que aceita como um cordeiro tudo que lhes é imposto, sejam os salários irrisórios, a dupla ou tripla jornada de trabalho, a falta de condições de trabalho, e o mais grave, aceitam que a profissão seja relegada a um segundo plano, como uma atividade menos importante que qualquer outra. Estes profissionais são responsáveis pela atual situação da educação física, assim como, são responsáveis pelas causas das frustrações que levam cada vez mais educadores físicos a mudar de profissão.
Para que a profissão tenha futuro, os profissionais tem que ter orgulho de dizer que são professores de educação física. A falta deste orgulho, seja por qualquer que for o motivo, faz com que se percam, cada vez mais, bons profissionais que simplesmente não suportam mais serem humilhados por se dedicarem a uma profissão que não tem papel ativo na sociedade, apesar de sua extrema importância, seja na educação ou nas áreas fitness, esportiva e de saúde.
Temos que melhorar as condições de trabalho para que cada vez mais pessoas competentes e interessadas tenham como cooperar para a evolução da educação física, e assim iniciarmos um circulo virtuoso de capacidade, competência e novos talentos para a educação física.

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